Arquidiocese de Niterói - Vicariato Oceânico

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

BÍBLIA, PALAVRA DE DEUS. LÊ-LA E SEGUI-LA É NOSSO DEVER

Neste mês de setembro, dedicado por nossa Igreja Cristã e Católica ao Livro Sagrado, é muito necessário que nós, leigos batizados, que pretendemos progredir na fé e nas obras que a tornam viva, façamos profunda reflexão sobre o que temos feito para nós, nossos familiares, e nossos amigos, dos textos contidos naquele; e que se dividem no Antigo Testamento e no Novo Testamento. O primeiro; iniciado pela criação por Deus de todos os elementos, sobretudo dos viventes; do homem e da mulher por último, com o destino de felicidade dentro de Suas leis; o que se frustrou pelas fraquezas de nossos primeiros pais, sob o incentivo do Maligno. O segundo; pela Nova Aliança do mesmo Deus conosco, na oportunidade de plena redenção, através do nascimento virginal, da morte e da ressurreição de Jesus; que, ao subir aos céus, deixou-nos a Igreja, ao encargo de seus discípulos, sob a direção de Pedro, e sob a iluminação e o fortalecimento do Espírito Paráclito. Tendo prometido que contra ela, até Sua volta triunfal no Último Dia, jamais prevalecerão as portas do inferno.
Infelizmente, ainda hoje, quase meio século depois do renovador Concílio Vaticano II, do estímulo eclesial à leitura da Bíblia em família, à reflexão continuada sobre a Palavra, ao estudo dos textos em paralelo à vivência cotidiana; muitos de nós; católicos; se limitam a ouvir alguns, na Santa Missa Dominical, e a, de vez em quando, abrir o Livro para “pescar” determinadas linhas. Por vezes, pior ainda, a Bíblia, em edições e capas bonitas, mais serve como decoração de sala. Ainda há alguns irmãos, com ranços de antigos preconceitos, que acham a leitura bíblica intensa “coisa de crente”, expressão tida como sinônima de “protestante”; o que é absurdo; porque, sem que creia na referida Palavra, ninguém, em sã consciência, pode denominar-se cristão e católico. Nossa diferença para com os irmãos da “Reforma” reside em que reputamos a Tradição, o Magistério dos Sucessores de Pedro, como complemento, e esclarecimento, das Sagradas Escrituras.
Todos, sem exceção, devemos ler a Bíblia em toda a extensão. Não “de cambulhada”, como o jornal do dia, ou ata de reunião, ou coisa semelhante. Mas, assimilando as frases, compreendendo as simbologias, captando o que Deus quer nos falar através das mesmas. Se possível, participando de cursos ou palestras ministradas por sacerdotes, ou por leigos habilitados; procurando tirar dúvidas pelo estudo constante e comunitário. Somente assim, compreendemos que tal Palavra foi escrita por homens, embora iluminados pelo Deus Uno e Trino; que muitas expressões que hoje passariam por duras e mesmo violentas e belicosas, eram correlatas à mentalidade que predominava naqueles tempos priscos; que Jesus, sem revogar a lei e os profetas, deu nova interpretação, no precioso resumo “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a si mesmo”; que sem o Amor, de nada adiantará conhecermos “as línguas dos homens e dos anjos”; que seremos julgados com a mesma severidade com que julgamos o irmão ou a irmã; que todos devemos ser um; o que significa rezar e agir pela unidade de todos os cristãos, que existiu no tempo dos Atos dos Apóstolos, mas depois foi rompida por pecados, recíprocos, de vários tipos; que família e casamento entre homem e mulher são valores permanentes; que a vida deve ser defendida desde a concepção; que o Reino, para todos prometido, começa aqui, no combate por uma sociedade justa, fraterna e solidária; que somos chamados a testemunhar o Cristo, em casa, na rua, em qualquer local e ambiente em que nos encontremos. E muito mais.
A propósito, devemos ter cuidado para não cairmos em falsos entendimentos de textos, por leituras divorciadas do conjunto, e sem o esclarecimento pelos ensinos da Igreja. Isto é, evitando os riscos do fanatismo e da intolerância, que tantos males causaram durante séculos e séculos, e que hoje, por lamentável, têm crescido em certas entidades ditas cristãs, sem falar-se de outras escolas de fé. João Paulo II, saudoso Papa que antecedeu Bento XVI, já advertia do rigor da conjugação entre Fé e Razão (Fides et Ratio).
Perseveremos, pois, no estudo da Bíblia. Roguemos a Maria Santíssima, Mãe de Deus e Nossa, sua preciosa intercessão, para vencermos a acomodação e os desvios. Amém.
Luiz Felipe Haddad